Nem a propósito... hoje depois da minha sesta de preparação para o turno da noite (que, by the way, está a decorrer... mas não digam a ninguém) liguei a TV e estava a dar um programa sobre escândalos de celebridades. Então, no seguimento do meu post de ontem, pareceu-me interessante vir fazer queixinhas do Russell Crowe. Fiquei chocada com o que descobri! Secalhar sou a única pessoa neste mundo que não ainda não sabia disto!
Então, em jeito de indignação e protesto e talvez também para mostrar às pessoas o que é ser Recepcionista e elucidar os aspirantes a recepcionistas ao que estão sujeitos, deixo aqui este testemunho bastante ilustrativo... o Russell Crowe hospedou-se uma vez num Hotel e como o telefone do seu singelo quartinho não estava a funcionar, arranca-o da parede... "e vai daí", desce à recepção e atira-o à cara do recepcionista.
Já perceberam que nós, recepcionistas, somos tudo e temos culpa de tudo. Só não sabia ainda que as pessoas não tinha noção que também somos de carne e osso e que afinal também servimos de alvo de arremesso de objectos. Onde é que isto vai parar!
Felizmente nunca me aconteceu uma destas... mas por precaução, vou já amanhã meter um requerimento à Direcção para que as novas fardas incluam protecções, como aquelas que os jogadores de futebol americano utilizam.
(Este texto está em Desacordo Ortográfico)
Bem vindos ao Blog de uma Técnica Superior de Turismo. As primeiras histórias relatam o dia-a-dia num Hotel visto na perspectiva de uma Recepcionista. Dificuldades, Histórias, Curiosidades, Horas de Desespero e de Realização. Dou-lhe aqui, as boas vindas ao Mundo da Hotelaria, ao Mundo dos meus novos Projectos de Turismo... ao meu Mundo, em especial :)
domingo, 14 de julho de 2013
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Ser Recepcionista: o Lado Lunar
Têm-me chegado mensagens a questionar quais as maiores dificuldades de uma Recepcionista. Tenho evitado este post porque é chato... ninguém quer ouvir uma Recepcionista a reclamar do seu trabalho de subserviente e das suas tentativas falhadas de omnipresença no Bar, na Recepção e no Serviço de quartos.
Mas, como para mim, tudo é tema de conversa vou aqui deixar uma listinha interessante aos aspirantes a Recepcionistas. Estas são, no meu ponto de vista, as dificuldades maiores que eu vou encontrando no meu dia-a-dia:
- Ler pensamentos de hóspedes (há pessoas que insistem a chegar ao balcão e a olharem para nós, sem abrirem a boca, como se nós tivéssemos que saber quem é aquela personagem pasmada ali à nossa frente);
- Estar em vários sítios ao mesmo tempo (ainda não consegui desenvolver esta característica, que hoje em dia parece-se mais com um requisito da profissão);
- Lidar com assédios (é a verdade nua e crua. Isto acontece com alguma frequência e há que ter braço de ferro ou respostas para tudo na ponta da língua, para que não abusem. Pessoas sem cérebro consideram que as recepcionistas são algum alento de vista e interpretam mal a simpatia que lhes é dirigida; insistem em querer números de telefone, conversas parvas e consolo de solidões. Excelentíssimos Senhores, o máximo que podemos fazer é recomendar-vos um Bordel. Mais respeito se faz favor!).
- Lidar com má educação (há pessoas que nos vêm como bichos e que passam aqui sem abrir a boca. Eu costumo dizer que não se deve tratar mal quem nos serve. Especialmente no que toca a comidas e alojamento...).
- Esquecer Fins de Semana, Festividades, Aniversários, Datas Especiais, Momentos em Família (a hotelaria torna-nos pessoas frias, muitos frias e anti-sociais. Tão anti-sociais que eu nas folgas dispenso a companhia de estranhos e tento não pensar no que perdi, especialmente porque o meu horário se resume a um turno apenas - leia-se aquele que ninguém quer exactamente porque não permite vida social nenhuma - das 16h às 00h)
- Conciliar horários com a "minha metade" (não posso esconder esta realidade que me atormenta todos os dias. É exactamente por causa do meu maravilhoso horário que, mesmo tão perto, estou sempre longe e só posso fazer matar saudades nas folgas. Há quem considere isto secundário, mas eu não, a felicidade está nas pessoas que me rodeiam. O trabalho é acessório).
- "Guerrinhas" (não posso dizer que isto acontece aqui. Mas sei de locais em que existe muita competição entre colegas de recepção. Fazem tudo e descem muito baixo para prejudicar o outro. Sou uma pessoa de paz e não sei onde é que essas pessoas pretendem chegar assim. Todos no mundo temos um lugar e ninguém tira o lugar de ninguém. Pelo menos acredito nisso. E é por isso também, que um dia quando deixar de trabalhar neste Hotel, não vou para mais nenhum).
- Aturar "putos" (refiro-me aqueles de 18, 19 e 20 anos que vêm para aqui armados em adultos. Normalmente as raparigas têm o rei na barriga e olham para mim com desprezo ou com medo que eu lhes roube o namorado. Oh menina, vá mazé para casa. Eu na sua idade não tinha nem autorização para sair à noite. Está ai armada aos cucos só porque vem para um hotel... Grande coisa. Eu venho para cá todos os dias e não digo isso muito alto a ninguém. E pelo menos trago a boa educação comigo.
Assim de repente, é isto que me ocorre. O curioso é que todos os dias surje uma dificuldade nova com a qual tenho de lidar. E nem sempre sei como se lida com isso. Ninguém acredita como é stressante ser Recepcionista de Hotel e a prova disso é que aqui há tempos tive que ir ao médico devido a problemas de ansiedade e ele quase se riu na minha cara quando eu lhe disse que era Recepcionista de Hotel.
Estou tão vacinada contra coisas parvas, que a minha reacção é sempre sorrir, para o bem e para o mal.
Se isto fosse a melhor profissão do mundo eu não andava "à rasquinha" para mudar.
P.S.: Sonhadores e aspirantes a recepcionistas, fujam enquanto é tempo!!! :)
(Este texto está em Desacordo Ortográfico)
Mas, como para mim, tudo é tema de conversa vou aqui deixar uma listinha interessante aos aspirantes a Recepcionistas. Estas são, no meu ponto de vista, as dificuldades maiores que eu vou encontrando no meu dia-a-dia:
- Ler pensamentos de hóspedes (há pessoas que insistem a chegar ao balcão e a olharem para nós, sem abrirem a boca, como se nós tivéssemos que saber quem é aquela personagem pasmada ali à nossa frente);
- Estar em vários sítios ao mesmo tempo (ainda não consegui desenvolver esta característica, que hoje em dia parece-se mais com um requisito da profissão);
- Lidar com assédios (é a verdade nua e crua. Isto acontece com alguma frequência e há que ter braço de ferro ou respostas para tudo na ponta da língua, para que não abusem. Pessoas sem cérebro consideram que as recepcionistas são algum alento de vista e interpretam mal a simpatia que lhes é dirigida; insistem em querer números de telefone, conversas parvas e consolo de solidões. Excelentíssimos Senhores, o máximo que podemos fazer é recomendar-vos um Bordel. Mais respeito se faz favor!).
- Lidar com má educação (há pessoas que nos vêm como bichos e que passam aqui sem abrir a boca. Eu costumo dizer que não se deve tratar mal quem nos serve. Especialmente no que toca a comidas e alojamento...).
- Esquecer Fins de Semana, Festividades, Aniversários, Datas Especiais, Momentos em Família (a hotelaria torna-nos pessoas frias, muitos frias e anti-sociais. Tão anti-sociais que eu nas folgas dispenso a companhia de estranhos e tento não pensar no que perdi, especialmente porque o meu horário se resume a um turno apenas - leia-se aquele que ninguém quer exactamente porque não permite vida social nenhuma - das 16h às 00h)
- Conciliar horários com a "minha metade" (não posso esconder esta realidade que me atormenta todos os dias. É exactamente por causa do meu maravilhoso horário que, mesmo tão perto, estou sempre longe e só posso fazer matar saudades nas folgas. Há quem considere isto secundário, mas eu não, a felicidade está nas pessoas que me rodeiam. O trabalho é acessório).
- "Guerrinhas" (não posso dizer que isto acontece aqui. Mas sei de locais em que existe muita competição entre colegas de recepção. Fazem tudo e descem muito baixo para prejudicar o outro. Sou uma pessoa de paz e não sei onde é que essas pessoas pretendem chegar assim. Todos no mundo temos um lugar e ninguém tira o lugar de ninguém. Pelo menos acredito nisso. E é por isso também, que um dia quando deixar de trabalhar neste Hotel, não vou para mais nenhum).
- Aturar "putos" (refiro-me aqueles de 18, 19 e 20 anos que vêm para aqui armados em adultos. Normalmente as raparigas têm o rei na barriga e olham para mim com desprezo ou com medo que eu lhes roube o namorado. Oh menina, vá mazé para casa. Eu na sua idade não tinha nem autorização para sair à noite. Está ai armada aos cucos só porque vem para um hotel... Grande coisa. Eu venho para cá todos os dias e não digo isso muito alto a ninguém. E pelo menos trago a boa educação comigo.
Assim de repente, é isto que me ocorre. O curioso é que todos os dias surje uma dificuldade nova com a qual tenho de lidar. E nem sempre sei como se lida com isso. Ninguém acredita como é stressante ser Recepcionista de Hotel e a prova disso é que aqui há tempos tive que ir ao médico devido a problemas de ansiedade e ele quase se riu na minha cara quando eu lhe disse que era Recepcionista de Hotel.
Estou tão vacinada contra coisas parvas, que a minha reacção é sempre sorrir, para o bem e para o mal.
Se isto fosse a melhor profissão do mundo eu não andava "à rasquinha" para mudar.
P.S.: Sonhadores e aspirantes a recepcionistas, fujam enquanto é tempo!!! :)
(Este texto está em Desacordo Ortográfico)
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